CIA. TEATRAL DESNORTEADOS

Todos os elementos de um figurino são pensados para poder transmitir a época em que se passa a história, a situação econômica dos personagens, indicar a região ou cultura, o estilo do personagem, dentre outras coisas. Para o figurino da peça “O bem amado” eu tive de ir atrás de peças de roupas que remetam a época em que se passa, década de 60, e também o local, litoral baiano. Para isso, eu necessitei de algumas pesquisas e também olhar duas adaptações, um filme de 2010 e uma telenovela de 1973, mas para idealizar o figurino por completo, o que foi citado antes não foi o bastante, também foi preciso estudar cada personagem separadamente. Após isso, consegui idealizar as roupas que seriam usadas e conclui que os figurinos femininos tinham que ser, na maior parte da peça, cores alegres, diferentemente do masculino, onde foram usadas, principalmente, cores neutras como branco e preto.

         Um detalhe importante para quem é figurinista são as cores, pois nossa professora, Mari Moura, nos permite utilizar apenas cinco e uma dessas tem que estar presente em todos os figurinos. Nossa cia escolheu a azul pois é uma cor viva e alegre e também por ser a cor da água, que remete a sucupira, cidade do litoral. Em relação a cor vermelha, nós a pensamos devido ser uma cor viva e por casar muito bem com o azul, já as três ultimas cores, o branco, o preto e o marrom foram escolhidas por serem cores mais fáceis de usar e por combinarem com tudo. Depois de sentar com o grupo e decidir as cores, nós escolhemos qual linha seguiríamos, onde depois de muita conversa, ficou decidido que seria a realista, pois ela procura retratar o homem a partir da observação do seu meio ambiente e dos seus costumes. E nossa peça procura um figurino que consiga remeter exatamente isso, para que quem a assista consiga ligar a época e também ao local. 

         Depois de sentar com o grupo, fui imaginar o figurino sozinha, e escolhi para o protagonista dois ternos, um branco e um preto, o branco para sua coroação e o preto para os funerais, para sua filha Ritinha ficou decidido uma saia azul bem jovial com uma blusa de tecido fino e depois um vestido preto para acompanhar os funerais.

Sua secretaria, por trabalhar em um lugar serio, ficou vestida com uma saia quase no joelho e uma camisa azul e sapatos altos, já para seu secretario ficou decidido uma calça social com suspensório e camisa social com gravata borboleta, pois queria realçar seu jeito desengonçado. Para as irmãs cajazeiras roupas que remetam ao chique, como os vestidos e luvas, Dinda e sua filha Damiana, imaginei roupas mais simples por estarem sempre trabalhando no bar, os pescadores ficaram com roupas leves para facilitar no manuseio da rede e também por trabalharem com coisas pesadas, no padre eu coloquei uma bata branca e estola azul, roupa de padre, para o jornalista Neco Pedreira ficou uma camisa social amassada, gravata, colete e também sua calça social, pois é um homem agoniado, impedindo-o de se arrumar melhor, para a velha eu imaginei um terço e uma saia abaixo do joelho com camisa preta, demonstrando ser uma pessoa bem religiosa, para Ernesto será uma cueca samba canção e máscara de doente, pois está doente a beira da morte, depois que melhorar da doença, ele vestirá calça jeans azul e camisa social, por ser um homem alto e robusto, a tia nana usará camisa branca com bastante colares e uma saia rodada e finalmente Zeca diabo, que por ser um homem grosso e ignorante irá vestir calça, com camisa e blazer, revólver que sempre o acompanha e seu chapéu preto. Depois de criar todos os figurinos fui pra parte da maquiagem, onde não podemos esquecê-la, pois ela é parte da composição do figurino, ela é um instrumento fundamental que auxilia na criação do personagem e na transformação estética dos atores. Em nossa peça usaremos a maquiagem para melhor caracterizar cada personagem, usaremos chapéus, revólver, acessórios de cabelo, bijuterias de varias formas e modelos, cintos, óculos, e as próprias maquiagens de rosto, que serão usadas principalmente pó, blush, sombras e batons.

         E esse foi todo o processo de criação do figurino da peça “O bem amado”, onde podemos perceber que não é nada muito fácil, mas no final eu tenho certeza que todo o meu esforço e da cia serão recompensados.